segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Minha terra

Eu quero voltar a viver na minha terra
De onde eu saí e nunca mais voltei
Rever os amigos e lembrar a infância
Tempos de criança, que não esquecerei

Acordar cedinho e sentir o cheiro do mato
Ainda no quarto o cheirinho do café
No fogão a lenha uma broa de milho
A mãe do meu filho dizendo que me quer

Levantar da cama e ver o sol nascer
Ver o gado berrando preso no curral
E a passarada orquestrando uma canção
O galo ciscar o chão e cantar no quintal

Ver a porcada comer no chiqueiro
O moinho que gira e não pode parar
O caldo da cana no engenho correr
Dele vou beber e ver o monjolo socar

Depois cavalgar livre, como é o vento
Parar numa fonte e matar minha sede
Sentar numa sombra e curtir a natureza
Pescar numa represa e descansar numa rede

Juntar os amigos, abraçar a viola
Cantar uma canção e ver o sol se por
Eu trago guardado no meu coração
O meu grande chão, terra que me criou

Autor: José Nogueira Lima
12/04/2013

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domingo, 15 de outubro de 2017

É meu, é meu

Esta menina mexe com a minha cabeça
O que que eu faço, pois preciso conquistar
Joguei o charme, esnobei, mandei recado
Ela esnobou, mandou resposta que não dá

Passa por mim ainda sorri fazendo pose
Joga os cabelos contra o vento a provocar
Ela é charmosa, delicada e tão bonita
Sua resposta não é não tem que mudar

Menina linda não é não é sim que dá
É meu, é meu, é meu, é meu diga que sim
Meu coração é todo seu venha buscar
Traga seu corpo inteirinho para mim

Por onde anda eu sei que todos te olham
Eu vi primeiro e por amor fiquei assim
Minha cabeça já não pensa em mais nada
Não dê pra outro o que deve dar pra mim

Uma resposta que eu quero é o sim que dá
De corpo inteiro o seu amor me oferecer
Quero em seus braços te dar tudo e até mais
Diga que sim aceita o amor e me dê prazer

Autor: José Nogueira Lima
23/03/2013

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Renegado à sorte

Cansado de uma amarga vida eu quis partir
De onde eu nasci e não tive sorte, quis ir pra longe
Fiz minha mala, juntei os trapos e minha pobreza
Sem ter certeza do meu caminho e chegar aonde

Peguei estrada, quis que o destino, então, me guiasse
Não era fácil deixar minha terra e algo pra trás
Até por que o meu sofrimento é o maior castigo
Deixar os amigos, a terra querida, a família e os pais

Viajei muito dias e noites com frio e fome
A sorte de um homem às vezes o abandona ainda no berço
O meu destino quem o traçou não era aprendiz
Sou infeliz e por ter nascido pago alto preço

Em altas horas da madrugada um dia cheguei
Desembarquei na grande Cidade a minha sorte
Mais uma vez só o destino me deu certeza
Que há pobreza pra todo lado, igual há no norte

Num viaduto junto com outros desfiz a mala
A voz se cala por um instante para pensar
Não sei se fico, voltar não posso, não sei se morro
Quero socorro, sou mais um pobre a mendigar

Me dê uma esmola em dinheiro ou em forma de pão
Irmão de Adão não tenho culpa se ele pecou
Se eu morrer meus irmãos e pais morrem no norte
Maldita sorte, mas amo Deus, o meu Criador

Autor: José Nogueira Lima
11/02/2013

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sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Tempestade de amor

É verão e o calor que eu sinto no meu corpo e me domina
Não é o sol, é você que chegou de mansinho no meu coração
É verdade, você é a luz que brilha na minha vida e caminho
É mais que as estrelas, que a lua e o sol; é o calor da paixão

Nas minhas noites, você é a luz que me aquece e jamais se apagou
Nos meus dias, você é o que eu preciso a todo instante, a minha direção
Porque se eu vivo e respiro, você é importante pra mim como o ar
Você é tudo isso, tempestade de amor no meu coração

Você é a chuva que molha meu rosto, o corpo, a alma e purifica o amor
É o hoje, o amanhã, a esperança, o futuro e o meu amanhecer
É o céu azulado que eu vejo e o meu horizonte que toco com as mãos
Um dos meus deuses: quem te fez no céu e você aqui no chão

Você é um campo florido onde só há beleza para os olhos de alguém
É a terra onde tem de tudo e é fértil demais para os meus desejos
É a natureza perfeita com o melhor de tudo para eu desfrutar
De tudo que existe você é o melhor que no mundo eu vejo

É as fontes onde nascem os desejos e os rios onde eu vivo a remar
É o mar sem fúria e calmo onde eu sou o seu único habitante
É um infinito amor que eu tenho sobre o meu domínio
Você é tudo isso; não preciso mais nada, você é o bastante

Autor: José Nogueira Lima
05/01/2013

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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Casinha na montanha

Eu moro numa casinha
Daquelas bem pobrezinhas
Lá bem pertinho do céu
No topo de uma montanha
Terra que o mar não banha
E o pranto molha o papel

Vejo as nuvens apressadas
Igual foi a minha amada
Passando por minha vida
Foi embora descendo o morro
Eu aqui imploro socorro
Chorando a sua partida

Rolam lágrimas morro abaixo
Já transbordaram os riachos
Tudo isso por causa dela
Já levou aterros e pontes
Inundou meu horizonte
Meu mundo acaba sem ela

Até o sol vive com medo
Já não nasce mais tão cedo
Eu vejo da minha janela
Sua luz não é mais quente
Ele e a lua, no presente
Como eu, sofrem por ela

Já não catam os passarinhos
Eu fiquei mesmo sozinho
A contar estrelas no céu
Vi descer a felicidade
Subirem a dor e a saudade
E a solidão que é tão cruel

Para mim não tem mais jeito
Os meus sonhos estão desfeitos
Meu mundo quer desabar
Por que ela desceu o morro
Foi embora, então eu morro
Na minha vida de chorar

Bem do alto da montanha
De onde meu pranto banha
O mundo, meu Deus fiel
Da casinha, minha morada
De onde partiu minha amada
Só quero partir pro céu

Autor: José Nogueira Lima
24/03/2013

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