domingo, 15 de outubro de 2017

Renegado à sorte

Cansado de uma amarga vida eu quis partir
De onde eu nasci e não tive sorte, quis ir pra longe
Fiz minha mala, juntei os trapos e minha pobreza
Sem ter certeza do meu caminho e chegar aonde

Peguei estrada, quis que o destino, então, me guiasse
Não era fácil deixar minha terra e algo pra trás
Até por que o meu sofrimento é o maior castigo
Deixar os amigos, a terra querida, a família e os pais

Viajei muito dias e noites com frio e fome
A sorte de um homem às vezes o abandona ainda no berço
O meu destino quem o traçou não era aprendiz
Sou infeliz e por ter nascido pago alto preço

Em altas horas da madrugada um dia cheguei
Desembarquei na grande Cidade a minha sorte
Mais uma vez só o destino me deu certeza
Que há pobreza pra todo lado, igual há no norte

Num viaduto junto com outros desfiz a mala
A voz se cala por um instante para pensar
Não sei se fico, voltar não posso, não sei se morro
Quero socorro, sou mais um pobre a mendigar

Me dê uma esmola em dinheiro ou em forma de pão
Irmão de Adão não tenho culpa se ele pecou
Se eu morrer meus irmãos e pais morrem no norte
Maldita sorte, mas amo Deus, o meu Criador

Autor: José Nogueira Lima
11/02/2013

letrarabiscada@gmail.com

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