Quantas boiadas por ali antes passaram
Veio o progresso mudou tudo, eu não esqueço
Também padeço com as marcas que ficaram
Hoje no asfalto sobre rodas vão boiadas
Nestas estradas que cortam o Brasil inteiro
Corta de dor um coração já sem esperança
Vai com a lembrança cavalgando o boiadeiro
Hoje, seu moço, sobre rodas também vivo
Tenho no arquivo da memória a razão
Sou um boiadeiro sem cavalo e sem boiada
A minha estrada é o corredor da ilusão
Em cada canto do grande Brasil colosso
Meu caro moço não tem um que eu não passei
Trago gravado e bem guardado na memória
A minha história que jamais esquecerei
Veja seu moço pendurado na parede
Aquela rede, minha sela e meu passado
Ao lado dela, o berrante e o meu laço
Também meus passos vivem hoje pendurados
Eu já estou velho numa cadeira de rodas
Me incomoda; quem será que me parou
Será os anos, o destino ou minha sorte
Só espero a morte igual à boiada esperou
Hoje o presente para mim não mais existe
Deus não permite ao homem restauração
Fui boiadeiro, caro moço, hoje sou história
Brasil afora já fui Rei da profissão
Autor: José Nogueira Lima
09/02/2013
Música para gravação
letrarabiscada@gmail.com
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